Sempre que vamos fazer uma receita, seguimos criteriosamente as medidas descritas, sem questionar, pois, na maioria das vezes se colocamos a mais ou deixamos de colocar algum ingrediente influenciamos no sabor, na textura, na cor, no aroma, na quantidade e principalmente na qualidade.
"E aí você se pergunta, mas, já mudei tantas receitas e os resultados foram positivos por que no meu caso não deu certo, ou deu certo?"
É simples porque você conseguiu chegar na medida certa, mesmo não seguindo a receita, você sabe, o que pode ser alterado e o que deve ser mantido sem interferir na qualidade do seu prato.
E assim é a nossa vida, a nossa busca por acertar a medida, a dosagem, o equilíbrio, como doar sem faltar? Às vezes é tão difícil responder essa pergunta, porque na maioria das vezes queremos fazer muito, ajudar muito, estar muito presente, levantar o irmão que caiu, levar toda a bagagem que está lá fora, tirar a dor de todos, mostrar o caminho certo, dar direções, dar exemplos, abastecer toda a dispensa do vizinho. E quando paramos para respirar, percebemos que demos tudo o que tínhamos e o que ficou para nós?
O cansaço, o sentimento conflituoso, o apego, as provocações, as dores, a falta de compreensão. E isso traz o desequilíbrio dentro da nossa essência e matéria.
Apesar de não lembrarmos o que fomos em outras vidas, trazemos alguns sentimentos muito latentes como: ajudar, doar-se, injustiça, medo, revoltas e uma série de sensações, e por que eles vêm conosco? porque precisamos entendê-los, trata-los e supera-los. E lembrar que para tudo existe a medida certa. E quem acerta a quantidade somos nós.
Só podemos dar uma xícara de feijão se tivermos feijão suficiente para dois, só podemos dar um conselho se o outro estiver disposto a escutar, só podemos cobrir alguém se ele realmente estiver com frio, e aí entra a dosagem. Não é que vamos deixar de fazer ou de ajudar, pelo contrário vamos continuar fazendo, só que na medida certa, para não sobrar onde não se deve e nem faltar onde precisa.
É tão difícil seguir esta receita, mas, não é impossível. Às vezes queremos muito controlar o outro, as suas atitudes, ações, por mais que seja com boa intenção, de não querer vê-lo triste, abatido, cansado ou perdido. Porém sem perceber colocamos uma cobrança, tentando moldar as pessoas de uma forma que não é mais compatível. E acabamos mais atrapalhando do que ajudando e ainda nos frustramos com o resultado.
Às vezes a nossa maior ajuda para o próximo e para nós é praticando o famoso ‘’MCQ” (Muda, Calada e Quieta), pois parando para observar, temos dois olhos, dois ouvidos e apenas uma boca: Conclusão, observar mais, ouvir mais e falar menos. Na maioria das vezes não precisamos falar, apenas a nossa presença é suficiente, o ato de apenas ouvir o outro sem interrompe-lo ou sem comparar o que ele está falando com o que vc sente ou passou, já é mais que suficiente. Há situações que um abraço é melhor do que qualquer conselho, pois ao abraçar alguém você passa a mensagem, eu estou aqui com você, esse aconchego estará sempre aqui quando precisar.
E é nesse sentido que vamos dando doses homeopáticas, do que temos a oferecer sem ficarmos sem. A nossa essência e vibração são únicas, por isso não podemos dar tudo ou vibrar em qualquer sintonia, pois não vai gerar o que precisamos, para haver este equilíbrio temos que praticar a medida certa. Poupe-se, escute-se sinta a sua energia, as suas batidas, o seu ritmo, cuide-se, se fortaleça, trace um caminho para você, não para os outros, a trajetória é sua. Não sofra por todos não compartilharem os mesmos sentimentos que você, por não verem a mesma beleza que você vê, por não terem o mesmo pensamento, ou sentimentos na mesma intensidade que você. Pois cada um tem a sua trajetória e a sua medida. Às vezes nós que estamos ultrapassando a medida do outro.
E na maioria das vezes o melhor caminho é tornar-se necessário para você e desnecessário para o outro, no bom sentido.
Quando falamos em torna-se desnecessário, não significa abandonar e sim dar a independência para que as pessoas ao nosso redor, andem com as próprias pernas, mas sempre sabendo que na hora que realmente precisar terá sempre um porto para atracar. E aos poucos vamos vendo a medida certa agir.
Não tente se encaixar onde não há espaço, não precisa forçar, pois se o seu lugar for ali, no momento certo terá a sua forma. Então não será necessário impor o encaixe ou se adaptar a ele, tudo fluirá de modo a encaixar perfeitamente.
A medida certa está ligada, ao tempo certo, a paciência, aceitação, entendimento, recuar quando necessário e auto avaliação, constante.
Agradeço as Luzes por esse momento de orientação!
Na glória de Deus e de Santo Tomás de Aquino.
Aula Set/2022